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Foto do escritorPatrícia Azevedo

Como decidi fazer cirurgia bariátrica

Atualizado: 30 de abr.

 

Desde a infância, sinais indicavam que a obesidade poderia se tornar uma realidade em minha vida (leia o post "Minha história de ganho de peso"). Contudo, foi por volta dos meus 17 anos que minha trajetória de ganho de peso teve início, culminando com a marca de 122 quilos no dia da minha cirurgia bariátrica, realizada em 31 de maio de 2016. Confesso que, até o ano de 2016, se me perguntassem se eu seria uma paciente bariátrica, afirmaria categoricamente que não. A ideia de passar por tal procedimento nunca havia cruzado minha mente e, inclusive, era algo que eu repudiava até o mês de fevereiro daquele ano. A história de como passei de crítica à defensora da bariátrica como tratamento eficaz para perda de peso requer uma pequena retrospectiva.


Desde a minha juventude, busquei empenhadamente por meio de diversas dietas e produtos tidos como milagrosos a conquista do corpo ideal - entendido como magro, sem estrias e celulites. Contudo, essas tentativas nunca resultaram em sucesso duradouro. A cada perda de peso, inevitavelmente, seguia-se o reganho, acompanhado do acréscimo de alguns quilos extras. Com o passar do tempo, a realização do sonho de alcançar a magreza tornava-se cada vez mais distante.


Em 2014, uma grande amiga tomou a decisão de se submeter à cirurgia bariátrica. Recordo-me de expressar a ela minha opinião de que seu peso atual não justificava o procedimento, uma vez que precisava perder 25 quilos. Na época, eu considerava essa quantidade relativamente pequena e, por isso, questionava a necessidade da escolha dela. Apesar da minha falta de apoio, ela enfrentou o processo com coragem e determinação exemplares. Realizou todos os exames pré-operatórios, coletou os laudos necessários, passou pela operação e deu início à sua jornada de emagrecimento.


Ao longo desse processo, ela se dedicou integralmente. Seguiu meticulosamente a dieta recomendada pela nutricionista, ingeriu as vitaminas e suplementos conforme orientação e comprometeu-se com exercícios regulares e intensos. Em apenas um ano, os resultados eram notáveis: sua aparência transformou-se, apresentando-se magra, saudável e bela.


Refletindo sobre meu próprio passado, percebo que mantive um estilo de vida sedentário dos 11 aos 27 anos. Diante do constante aumento de peso, tomei a decisão de me matricular em uma academia aos 27 anos. Essa escolha representou uma virada, interrompendo o ciclo de ganho de peso. Nos dois anos seguintes, embora não tenha experimentado uma redução no peso, consegui manter uma estabilidade.


Comprometi-me a me exercitar quase diariamente durante esse período, participando de aulas de Zumba, Power Jump, Kangoo Jump, Body Pump, Body Step, e realizando sessões de musculação com um Personal Trainer três vezes por semana. Essa rotina mais ativa não apenas resultou em estabilidade no peso, mas também marcou uma transformação significativa no meu estilo de vida.


Logo após completar 29 anos, minha academia organizou um "aulão de Zumba". Três horas ininterruptas de aula, ministradas por diversos professores, incluindo alguns de outras academias. Convidei minha amiga que havia passado pela cirurgia bariátrica para me acompanhar, e juntas passamos a manhã daquele sábado dançando. Próximo à terceira hora de aula, durante uma coreografia que exigia movimentos rápidos de um lado para o outro, as coisas tomaram um rumo inesperado. Senti um estalo intenso na minha perna direita, seguido por perda de equilíbrio e fraqueza. Instintivamente, procurei um canto, sem compreender exatamente o que havia acontecido, enquanto uma dor aguda se instalava.


A intensidade da dor foi tão avassaladora que desencadeou uma crise de asma. Felizmente, a mãe de outra amiga estava presente e prontamente ofereceu assistência, proporcionando uma massagem e orientando-me em exercícios de respiração até que conseguisse utilizar meu inalador.


Imediatamente após o incidente, fui para o pronto-socorro. Devido à temperatura elevada do meu corpo, era difícil perceber a gravidade da lesão. Tanto que optei por dirigir até o hospital. Ao chegar lá, o médico diagnosticou um possível rompimento de ligamento. Ele prescreveu medicamentos, imobilizou minha perna e solicitou uma ressonância magnética para avaliação mais detalhada dos danos. O resultado do exame confirmou o rompimento do ligamento posterior cruzado e um ortopedista me encaminhou para sessões de fisioterapia.


Embora o caso exigisse intervenção cirúrgica, o médico ponderou que, devido à espessura da minha perna, a reconstrução do ligamento seria desafiadora. Após esse episódio, fui obrigada a interromper completamente minha rotina de exercícios. Como resultado, em um período de cinco meses, ganhei mais de 10 quilos, atingindo a marca de 114 quilos pela primeira vez na vida.


Ao confrontar o significativo e rápido aumento de peso, uma sensação de apreensão tomou conta de mim. Surgiam questionamentos: quantos quilos mais eu ganharia? Até que ponto a obesidade avançaria? Recordo-me de assistir ao programa "Quilos Mortais" no Discovery Channel e identificar, de maneira preocupante, semelhanças entre a situação dessas pessoas retratadas e a minha naquele momento. A percepção de que todos que chegaram a ultrapassar os 200 quilos também passaram pelos 114 quilos adicionou um componente de temor à ideia da progressão da obesidade.


Naquele contexto, o balão intragástrico emergia como uma solução popular para perda de peso. Decidi que essa poderia ser uma alternativa adequada para mim. Marquei uma consulta com um ortopedista em São Paulo, visando uma avaliação do meu joelho lesionado. A intenção era obter dele um laudo recomendando o uso do balão, buscando realizar o procedimento por meio do convênio médico. Na consulta, compartilhei minhas intenções, e o médico mostrou-se receptivo, concordando em fornecer o laudo necessário. Contudo, ao sair de sua sala e revisar o documento no carro, deparei-me com uma surpresa inesperada: a indicação para cirurgia bariátrica.


Até hoje, sinto dificuldade em explicar aquele momento específico da minha vida - um ponto de virada extraordinário. O que nunca havia sido considerado uma opção para mim, de repente, transformou-se em uma possibilidade tangível. Ao ler aquelas palavras impressas em um papel branco, não experimentei preconceitos, dúvidas ou medo. Era exatamente o que eu precisava fazer. O médico, provavelmente sem perceber, alterou o curso da minha vida. Não tínhamos discutido nada sobre a cirurgia bariátrica; nossa atenção estava voltada apenas para a lesão no meu joelho e a possibilidade do balão intragástrico como tratamento para perda de peso. Em silêncio, ele fez uma recomendação precisa pela qual sou imensamente grata.


A decisão pela cirurgia bariátrica não foi algo que eu planejei, ponderei ou mesmo imaginei. Simplesmente peguei a indicação do médico e iniciei os trâmites para torná-la realidade. Tanto que a consulta com o ortopedista foi em fevereiro de 2016 e a cirurgia ocorreu em maio do mesmo ano - apenas três meses separam esses dois eventos significativos.


Uma convicção que carrego é que, se minha amiga não tivesse passado pelo procedimento e não alcançasse resultados positivos, talvez eu nunca tivesse considerado a cirurgia. Ela se tornou um exemplo inspirador, levando-me a reavaliar muitos aspectos e a acalmar meu coração em relação à ideia. Além disso, ela ofereceu apoio constante ao longo de todo o processo, mesmo que eu não tenha retribuído da mesma forma quando ela precisou. Recomendou médicos, forneceu instruções valiosas para agilizar os exames pré-cirurgia e ofereceu conselhos inestimáveis durante o pós-operatório. Sua generosidade e suporte têm minha eterna gratidão.


Assim, em 31 de maio de 2016, dia que operei, a cirurgia bariátrica mudou de algo nunca antes considerado para uma realidade marcante em minha vida. Nesse dia, minha pesagem registrava 122 quilos, o maior peso de toda a minha história. Hoje, tenho certeza de que, sem a cirurgia, provavelmente não teria emagrecido e talvez continuasse a ganhar mais peso. Às vezes, me pego imaginando "qual seria meu peso se não tivesse operado?". No entanto, rapidamente afasto esse pensamento e direciono minha mente para outras conquistas, pois isso já não faz parte do meu presente.


Quando me perguntam como decidi fazer a cirurgia bariátrica, respondo que um médico a indicou devido a uma lesão no meu joelho. Por trás dessa resposta concisa, há muitos detalhes. Uma série de eventos culminou no momento em que, ao ler aquele laudo, superei meu medo e orgulho para me submeter a uma mudança tão drástica, desafiadora e certeira. Foi assim que tomei a decisão de fazer a cirurgia bariátrica.

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